domingo, 13 de setembro de 2009

Planos

Já era noite e estavam ambos sentados à volta de uma fogueira. Comiam carne, pão, queijo, e hortelã. Eles não haviam trocado sequer uma palavra desde a chuva da tarde anterior, mas também já estavam acostumados a isso. Amos eram homens de poucas palavras, homens da espada. Foi Faust quem quebrou o silêncio desta vez com sua voz rouca e forte, porém límpida e segura.

- Sobre nosso próximo objetivo...

As palavras foram cortadas pelo companheiro.

- Sobre o próximo objetivo não há nada a ser questionado garoto. Faremos conforme o planejado. Sem nenhuma mudança.

- O senhor tem certeza sobre isso? Pergunto isso porque és um homem religioso. Não é como um saque em alguma ruína esquecida desde a era das chuvas.

Ambos comeram mais uma porção de suas refeições.

- Sou um homem da fé como você diz garoto, mas também sou um homem que, assim como você, anseia por mudanças. O bastão é necessário.

- Não acredito que o bispo o entregará. Teremos que tomá-lo a força. Haverão guardas, armadilhas. Não poderemos apenas desacordá-los.

Faust fez uma pausa em seu jantar, Faliel não.

- Não, não poderemos. Teremos que matá-los.

- O senhor fala isso sem remorso.

- É o que deve ser feito.

- O que acontecerá ao senhor?

Faliel também faz uma pausa em suas mordidas.

- Serei tratado como herege por meus irmãos. Um renegado, assassino, ladrão, traidor...

- E ainda sim se mantém disposto a fazê-lo?

- Eu tenho fé garoto. Se para concretizarmos nossos planos eu tiver que ser rotulado de algo assim, é um sacrifício minúsculo.

- Entendo...

Ambos voltam a comer.

- Apenas uma coisa me intriga... O senhor sabe qual é o meu objetivo. Zado não se interessa, pois, para ele que não pode morrer é indiferente, mas o senhor...

- Sei de sua índole garoto. Sempre soube. Sei o quão negro e maligno é seu coração. O que me faz segui-lo não é isso.

- O que faz então sacerdote?

- Sua índole. Você me lembra dele. Audaz, destemido, decidido, cabeça-dura. Acho que vocês até poderiam ter sido amigos... Ou rivais.

- Senhor...

- Coma garoto. Não se preocupe com este velho. Tenho motivos para fazer o que faço e permitir que você faça o que faz. Como eu disse antes, eu tenho fé. Isso me basta.

- Não esquecerei isto senhor.

- Esquecerá sim, mas estou preparado para isso. Quando chegar o momento, poderei ver algo glorioso. Algo que nenhum mortal jamais presenciou. Morrerei feliz. Você cumprirá o destino dele.

- Não me esquecerei disto pai.

- Coma garoto. Ainda há um oceano de sangue a ser derramado antes que você possa ficar parado refletindo. Meu trabalho é impedir que você se afogue nele.

Ambos voltaram a comer.

3 comentários:

  1. Pai? o.O²

    "- Eu tenho fé garoto. Se para concretizarmos nossos planos eu tiver que ser rotulado de algo assim, é um sacrifício minúsculo."

    Perfeito.

    ResponderExcluir
  2. Calma, calma...
    Isto será explicado depois...
    [Mode Suspense ON] XD

    ResponderExcluir