Já era noite e estavam ambos sentados à volta de uma fogueira. Comiam carne, pão, queijo, e hortelã. Eles não haviam trocado sequer uma palavra desde a chuva da tarde anterior, mas também já estavam acostumados a isso. Amos eram homens de poucas palavras, homens da espada. Foi Faust quem quebrou o silêncio desta vez com sua voz rouca e forte, porém límpida e segura.
- Sobre nosso próximo objetivo...
As palavras foram cortadas pelo companheiro.
- Sobre o próximo objetivo não há nada a ser questionado garoto. Faremos conforme o planejado. Sem nenhuma mudança.
- O senhor tem certeza sobre isso? Pergunto isso porque és um homem religioso. Não é como um saque em alguma ruína esquecida desde a era das chuvas.
Ambos comeram mais uma porção de suas refeições.
- Sou um homem da fé como você diz garoto, mas também sou um homem que, assim como você, anseia por mudanças. O bastão é necessário.
- Não acredito que o bispo o entregará. Teremos que tomá-lo a força. Haverão guardas, armadilhas. Não poderemos apenas desacordá-los.
Faust fez uma pausa em seu jantar, Faliel não.
- Não, não poderemos. Teremos que matá-los.
- O senhor fala isso sem remorso.
- É o que deve ser feito.
- O que acontecerá ao senhor?
Faliel também faz uma pausa em suas mordidas.
- Serei tratado como herege por meus irmãos. Um renegado, assassino, ladrão, traidor...
- E ainda sim se mantém disposto a fazê-lo?
- Eu tenho fé garoto. Se para concretizarmos nossos planos eu tiver que ser rotulado de algo assim, é um sacrifício minúsculo.
- Entendo...
Ambos voltam a comer.
- Apenas uma coisa me intriga... O senhor sabe qual é o meu objetivo. Zado não se interessa, pois, para ele que não pode morrer é indiferente, mas o senhor...
- Sei de sua índole garoto. Sempre soube. Sei o quão negro e maligno é seu coração. O que me faz segui-lo não é isso.
- O que faz então sacerdote?
- Sua índole. Você me lembra dele. Audaz, destemido, decidido, cabeça-dura. Acho que vocês até poderiam ter sido amigos... Ou rivais.
- Senhor...
- Coma garoto. Não se preocupe com este velho. Tenho motivos para fazer o que faço e permitir que você faça o que faz. Como eu disse antes, eu tenho fé. Isso me basta.
- Não esquecerei isto senhor.
- Esquecerá sim, mas estou preparado para isso. Quando chegar o momento, poderei ver algo glorioso. Algo que nenhum mortal jamais presenciou. Morrerei feliz. Você cumprirá o destino dele.
- Não me esquecerei disto pai.
- Coma garoto. Ainda há um oceano de sangue a ser derramado antes que você possa ficar parado refletindo. Meu trabalho é impedir que você se afogue nele.
Ambos voltaram a comer.
Pai?
ResponderExcluirO Faliel é pai do Faust?
Ôo
Pai? o.O²
ResponderExcluir"- Eu tenho fé garoto. Se para concretizarmos nossos planos eu tiver que ser rotulado de algo assim, é um sacrifício minúsculo."
Perfeito.
Calma, calma...
ResponderExcluirIsto será explicado depois...
[Mode Suspense ON] XD