segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Olho Vermelho, Olho Azul

Clawyn deixou as toalhas macias e perfumadas próximas, de modo que poderiam ser alcançadas com rapidez. Ambas decidiram que já estava na hora de sair e se vestirem para juntarem-se a seus companheiros na taverna.

A elfa saiu primeiro para oferecer um último agrado, segurando a toalha para que Alexya pudesse se enrolar antes de deixar a banheira. A jovem humana então continuou a conversa.

- Então você foi criada em uma academia para magos?

- Não magos. Magas. Uma academia somente para garotas. É muito comum que famílias ricas de Fionian mandem seus filhos e filhas para escolas internas.

- Sendo seus pais mercadores, faz sentido. Mas como você aprendeu estas coisas sobre banhos? Sendo rica você deveria aprender a ser a soberana, e não a serva.

- Na verdade nós éramos ensinadas a sermos boas esposas. Treinávamos banhos, massagens, corte, costura, corte de cabelos, culinária, dança, canto, e música. Eu, particularmente, gostava muito das aulas de harpa e lira.

A elfa falava com empolgação atípica e satisfação genuína.

- Você será uma excelente esposa Clawyn!

- Não serei não. – Disse a elfa em um tom triste – Acho que não serei uma esposa.

- Por quê?

- É... complicado... n-não sei e-explicar...

- Tente. Quem sabe eu não posso ajudá-la?

- A-acho que n-não... é a-algo...

Alexya se aproximou da tímida elfa.

- Você... Nunca... Ah... Apaixonou-se?

- B-bem... n-não é q-que n-nunca... é q-que...

- Acho que entendo. Você nunca esteve com outros homens não é mesmo?

- N-não...

- E isso a deixa inquieta.

- S-sim...

- Você precisa de umas aulas sobre isso. Já tentou falar isso com a Tadre? Ela parece entender mais sobre homens.

- Não! Ela é diferente. Ela é sedutora. Voraz. Cheia de vida. Segura. Livre.

- Melhor ainda! Ela deve saber o que fazer!

- Acho que não... Ela não poderia me ajudar...

- Por que não?!

- P-porquê eu n-não sou c-como ela... E-eu s-sou d-diferente...

- Como assim?!

- Por Belandros... Assim!

E subitamente a jovem elfa beijou a surpresa humana. Um beijo apaixonado, gentil, doce, inocente, e espontâneo. Um beijo dado com a certeza de ser o de uma jovem mulher revelando sua paixão pela primeira vez.

Alexya estava absolutamente surpresa. Sem reação. Era como se um raio a atingisse e tudo a sua volta estava distorcido e distante. Até mesmo os sons das vozes da taverna no andar abaixo perderam força.

Clawyn afastou-se após o beijo, envergonhada de seu ataque à sua nova amiga. Enrolando-se desajeitadamente em sua toalha e chorando dolorosamente por sua falta de pudor, etiqueta, tato, e respeito. Nunca ela havia cedido aos seus impulsos, mesmo os tendo claros em seu imaginário. A elfa sentia-se suja, maligna, indecente, e manipuladora.

Alexya recuperou-se do choque do ocorrido. Foi seu primeiro beijo. E lhe foi roubado por uma garota. Em uma estalagem as margens do reino de Finnian. Onde tanto o olho vermelho quanto o olho azul brilhavam no veludo noturno. Ela se aproximou da elfa.

- Clawyn... Não chore.

- M-mas...

A elfa foi interrompida pelos lábios de Alexya que a beijavam de uma maneira tão terna que a elfa nunca tinha pensado ser possível.

As toalhas caíram ao chão molhado enquanto duas jovens descobriam o amor em sua forma mais pura e verdadeira. Ambas pensavam em sincronia: Que os deuses as perdoem, mas não lhes seria negada a chance de amar.

Despertar

Seus olhos se abriram vagarosamente. Sua visão ainda era turva. O corpo todo doía. Estava frio e escuro. Seu corpo ainda estava letárgico e pesado. Faust reconhecia os sintomas de recobrar a consciência, mas fazia quase uma década que isto não ocorria.

Levou alguns minutos até que ele tivesse pleno senso de que estava deitado no chão. Chão frio e úmido. Levantar-se foi difícil e doloroso. Pelo menos quatro costelas quebradas, seu braço direito, e suas duas pernas. Sua mão direita estava esmigalhada. Levaria um tempo e alguma mágica para que ele pudesse estar em forma novamente.

Ao observar o ambiente à sua volta, ele pode ver o corpo de Faliel a alguns metros. Igualmente quebrado. Mas ele sabia que o companheiro havia caído já morto.

Ao olhar para cima, procurando a passagem por onde havia chegado ali, seus olhos não encontraram nada além de um buraco irregular. Não era possível ver o céu. Isto só poderia significar duas coisas. Ou o buraco faz alguma, ou algumas curvas. Ou a distância era tremenda. Tudo apontava para a primeira opção, afinal, mesmo sendo ele quem era, uma queda de quilômetros ainda o mataria.

O cavaleiro procurou com grande esforço por sua bolsa de poções e encontrou algumas que poderiam curar seu corpo o suficiente para que ele pudesse andar.

Após estar precariamente restaurado, ele aproximou-se do corpo de seu companheiro. Era hora de dar a Faliel a vida novamente.

A Sombra

Tadre caminhava até a suspeita mesa, e a sinistra figura desconhecida. Apesar do seu bom humor habitual, ela estava tensa. Se fosse realmente mais um assassino, significaria luta, e dependendo do assassino, esta poderia ser uma luta em condições ruins, principalmente se houvesse magia envolvida. Obviamente suas dúvidas e temores eram guardados somente para ela. Ser uma mulher lhe dava apenas duas opções de postura: Ser a donzela inocente e indefesa a ser resgatada, ou a sedutora agressiva que devora homens. Ela preferia viver como a segunda.

A figura escondida nas sombras ainda não havia se movido. Realmente era estranho, e perturbador, uma presença como aquela em uma taverna de uma pequena aldeia.

Antes que Tadre se aproximasse o suficiente para que pudesse falar algo, a sombra se moveu. Esticou um dos braços em sua direção e levantou a palma da mão em sinal de pare, sem dizer uma única palavra. O braço e a mão estavam protegidos por uma armadura de escamas prateadas e couro flexível.

Tadre parou e observou antes de falar. Era um braço relativamente curto, como se pertencesse a um adolescente ainda em fase de crescimento. Poderia indicar um elfo, ou uma criança.

- Boa noite! – Disse a ruiva – Importa-se que eu me aproxime?

A voz que veio em resposta era totalmente diferente daquilo que Tadre esperava. Era feminina, musical, sensual, mas ainda sim forte, clara, e imperativa, além de extremamente agressiva.

- Esta bom onde você está vadia. Porque Trevor mandou a cadela dele?

- Vadia?! Cadela?!

- Vadia, cadela, meretriz, vagabunda, rameira, puta. Esse tipinho seu.

- Como é que é?! – Tadre já estava levando a mão a suas costas em busca de sua adaga. Ela nunca foi de levar insultos para o travesseiro, e ela não começaria hoje.

- Escute aqui cadela ruiva! Traga seu dono até aqui. Depois que eu terminar com ele, quem sabe não sobram os ossos pra você roer?!

A esta altura, tanto Trevor e Nuque já estavam se aproximando, preparados para mais encrenca. Nuque foi o primeiro a falar.

- Calma Tadre.

- Quem é você? Como sabe o meu nome? E porque eu deveria impedir a Tadre de esfolar você?

- Não se lembra de mim... Esposo?

- Esposo?!?! – Exclamaram Tadre e Nuque ao mesmo tempo.

- Eu não tenho esposa nenhuma! Você me confundiu!

- Claro... Há milhares de Trevors Durandal, humanos, com 1,84m, 82 quilos, com cabelos castanhos, preferência por espadas grandes, ex-estudantes da academia militar de Finnian, que estiveram presos no ano passado em Darochim perambulando por aí!

- Como você... Oh... Mostre seu rosto!

- Como quiser esposo.

A mulher saiu das sombras que a escondiam. Era uma mulher de pele muito clara, olhos verdes tão claros quanto o jade, e longos cabelos castanhos encaracolados. Nariz fino, lábios carnudos, pescoço longo, queixo firme, sobrancelhas bem delineadas, cílios longos e curvos, boca em um tom rosado brilhante e elegante. O corpo estava coberto por uma armadura de escamas em um tom azul-prateado, quase esmaltado, mas mesmo assim era possível notar uma sinueta voluptuosa, insinuante, quase indecente. A beleza dela poderia facilmente servir de inspiração para artistas de todas as raças. O traço mais marcante, contudo, era a altura da mulher... 1,45m.

- Arana?!?! – A expressão de Trevor era uma mistura de espanto e descrença. Exatamente como a Nuque e Tadre.

Alexya Goldark

Nuque Ruavellian

Leolaf Goldark


Arana Duricral

O Trio Negro

Zado

Faust


Faliel

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Mais Alguns Personagens

Trevor Durandal


Tadre “Meliatrum” Kadmas



Clawyn Therae

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Lírios e Girassóis

Clawyn aqueceu a água com magia, preparou toalhas limpas, separou sabão de ervas, óleos de banho, e fragrâncias de flores. Tudo estava pronto.

- Prontinho jovem Alexya!

- Obrigada Clawyn.

- Então vamos. Não deixemos a água esfriar. Tire suas roupas e entre enquanto eu busco a esponja.

- Tirar a roupa?! Aqui?!

- Claro! Você não pretende tomar um banho de roupa não é mesmo. E também... Oh... Entendi. Você esta com vergonha. E-eu entendo. A-acho que eu e-exagerei. Me de-desculpe...

- Não. Não foi isso. Não fique envergonhada Clawyn. É que eu nunca fui tratada assim. E eu nunca fiquei assim... Nua, na frente de outra pessoa.

- A-ah... s-sim... e-eu... eu nem sei o que di-dizer...

- Bem... Acho que não há problema. Somos duas meninas. Acho que eu devo me acostumar a isso. Não estou mais na minha pequena aldeia.

E assim Alexya começou a despir-se enquanto a envergonhada elfa buscava pela esponja. A água estava quente, mas agradável, e o cheiro das fragrâncias e óleos eram doces e deliciosos. Logo Clawyn chegou com a esponja, e se propôs a lavar as costas de Alexya.

A sensação do calor, somada à miríade de perfumes delicados, e ao toque da esponja, levemente áspera, mas adicionando uma sensação de limpeza ajudavam a relaxar. As bolhas de sabão na superfície da água davam uma cremosidade deliciosa à pele. Clawyn tinha o cuidado de fazer movimentos suaves, que massageavam delicadamente a jovem humana enquanto cumpriam sua função de higiene.

Após alguns poucos minutos a jovem Alexya já estava relaxada e apreciava cada detalhe do banho preparado. Clawyn passou a lavar os cabelos da jovem com uma mistura de ervas, tomando o cuidado de massagear delicadamente e demoradamente a cabeça e o cabelo em toda a sua extensão. O enxágüe do cabelo também foi pensado. A água da jarra estava também aquecida, e além das fragrâncias, continha também pequenas pétalas desidratadas.

- Que perfume delicioso! O que é?

- É um óleo especial que eu mesma fiz com extrato de lírios e girassóis, e pétalas destas flores. E um segredinho meu. Essência de Graça dos Mares.

- Graça dos Mares?

- É uma flor costeira que cresce somente na costa de Fionian. Uma flor delicada, com pétalas peroladas e curtas. Muito parecida com uma rosa, mas sem os espinhos e não cresce em arbustos, mas sim solitária em meio às pedras. É a única flor que cresce nas pedras das praias.

- Deve ser linda.

- É sim. Mas você faz jus a ela.

Alexya ficou vermelha. Não sabia como responder ao elogio. Não queria estragar o clima agradável e amigável do momento. Preferiu apenas sorrir.

A jovem elfa observava atentamente cada detalhe da garota humana. O tom de pele claro, as marcas de uma infância de muitas brincadeiras em pequenas e quase imperceptíveis cicatrizes nas canelas, joelhos e antebraços. Ombros delicados, pescoço longo, mãos pequenas, pernas compridas e lisas. Orelhas simétricas, dedos longos e finos, cílios longos e curvos, sobrancelhas longas e arqueadas. Corpo que misturava de forma sensual menina e mulher. Uma beleza inocente e tentadora.

Alexya percebeu que o olhar de Clawyn era diferente do de suas amigas da aldeia. Diferente do de seu recente irmão Nuque. Mas também diferente do olhar malicioso de Tadre, ou do olhar malandro de Duran. Um olhar que ela não sabia dizer se era de admiração ou de desejo, mas que era com certeza, de um detalhismo tímido e envergonhado.

- O que você esta pensando jovem Alexya?

- Ah?! Desculpe-me Clawyn. Eu estava perdida em pensamentos.

- Pude perceber. Acho que-que eu estou de-deixando você encabulada. Me de-desculpe. E-eu não que-queria pa-parecer indiscreta.

Clawyn se levantou, mas foi detida pela mão de Alexya.

- Calma Clawyn! Não precisa ficar assim. Fique aqui. Por favor.

- Se-se vo-você insiste jovem Alexya.

Alexya sentou-se novamente na banheira e Clawyn voltou a enxaguar o cabelo da jovem. Terminado o banho, Alexya, ainda na banheira relaxava enquanto Clawyn arrumava todos os potes e vidros usados no banho.

- Clawyn. E você? Não vai aproveitar a chance para um banho também?

- E-eu?! Eu não de-devo. Vo-você é que é a co-convidada.

- Não seja boba. Acho que vamos ser companheiras de viagem. Entre. A água ainda está quente.

- Mas... e-eu...

- Eu insisto Clawyn!

Alexya se sentia estranha por fazer um convite como este a uma desconhecida, mas ela se sentia à vontade com esta menina tímida e retraída. Muito mais do que com seu novo irmão mais velho.

- Se-se vo-você in-insiste...

A elfa então se despiu e entrou na banheira. Ambas cabiam com alguma sobra na banheira que era grande para ambas as garotas, apesar de Clawyn ficar totalmente encabulada. Alexya também acabou reparando na beleza de sua nova amiga. Ambas compartilhavam várias características físicas, e poderiam se passar pela outra com facilidade até mesmo para conhecidos próximos caso fossem tomadas as medidas certas. Apenas os olhos, os cabelos, e o tom de voz as diferenciavam para um observador casual.

Após alguns minutos, ambas as garotas riam em seu banho.

A Queda

Faust eliminou o último inimigo com um golpe rápido. Agora restavam apenas Faliel e o líder dos dracotauros. Enquanto o combate entre os dois seguia, Faust aproveitou para procurar dois frascos. Um deles com um líquido vermelho, viscoso e pegajoso. O outro de um verde brilhante e claro. Ele os tomou rapidamente, o combate não iria durar muito tempo e ele teria que agir logo que o líder fosse derrotado.

Zado se apoiou em uma árvore e também buscou por um frasco em seus pertences. Achado o frasco com um líquido azul escuro e grosso, o feiticeiro bebeu seu conteúdo para curar suas feridas.

Faliel desviou do poderoso golpe da espada do líder das criaturas e aproveitou a lâmina do oponente para realizar um salto audaz visando atingir o pescoço da criatura com sua maça. Foi possível ouvir o estalar dos ossos da criatura, privando-a da orientação, garantindo ao sacerdote os segundos necessários para soltar suas maças e sacar uma lâmina pesada para o golpe final. O sacerdote aplicou um corte profundo na criatura, próximo à base do pescoço, finalizando o combate.

Este era o momento que Faust esperava, avançando rapidamente sobre o companheiro em transe, o cavaleiro aplicou uma série de golpes circulares do chão até o alto, avançando um passo a cada círculo. Após o terceiro golpe o cavaleiro passou a inclinar os golpes fazendo com que cada golpe atingisse um local diferente, impedindo uma defesa adequada. O décimo golpe já havia mudado a trajetória da lâmina de vertical à horizontal, era hora de finalizar o Aço em Queda. Com um golpe forte e vertical Faust fez com que o corpo do sacerdote deixasse o chão, aproveitando a impulso o cavaleiro saltou e aplicou o golpe derradeiro, em sentido inverso, visando empalar seu companheiro no chão com a sua arma.

A manobra foi um sucesso. O sacerdote estava inconsciente. Assim que Faust pôde relaxar os músculos, o inesperado aconteceu. O chão onde estavam ele e seu companheiro cedeu, abrindo uma enorme fenda rumo às profundezas da terra.

Zado pode apenas observar a tudo. Ao se aproximar da fenda recém aberta, ele não pode ver o fundo. Mesmo tratando-se de seus companheiros, existia a possibilidade de que eles estivessem mortos. Mas enfraquecido e ferido como ele estava, ele não poderia ajudá-los. Não agora. Mesmo que eles estivessem vivos, eles teriam que esperar. O feiticeiro arrastou-se até seus pertences. Ele precisava ser rápido.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Cerveja e Cenouras

Os dois homens ainda riam quando Tadre chegou à mesa. Antes que ela pudesse pensar Nuque rapidamente levantou-se e puxou a cadeira para que ela pudesse sentar.

- Muito obrigada lindo! Viu Duran! É assim que um homem deve tratar uma dama. Com gentileza e presteza, e não como se eu fosse seu amigo enlameado!

- Mas Tadre, quando eu tentei isso você me acertou uma jarra de cerveja na cabeça!

- Sim! Mas no caso deste seu amigo eu vou deixar ele me cortejar. Quem sabe assim eu e ele não poderemos nos conhecer de forma mais... íntima. Ainda hoje se possível!

Nuque engoliu com dificuldade seu gole de cerveja. Foi pego de surpresa pela cantada.

- É uma possibilidade senhorita Tadre.

- Senhorita?! Nossa, estou abismada. Você além de lindo e educado ainda é eloqüente e delicado. Espero que esteja guardando sua agressividade para algo mais... proveitoso.

- Senhorita Tadre, desta maneira eu fico acanhado.

- Apenas Tadre, senhorita é um termo para moças puras e virgens. Eu estou longe de ser qualquer uma das duas!

Duran olhava a cena com alguma indignação. Nuque estava cada vez mais corado. E Tadre sorria maliciosamente.

- Mas então Tadre, onde estão a Clawyn e a... como é mesmo... Alexya!

- Ambas resolveram tomar um banho. Você sabe como Clawyn se comporta, ela deve estar agindo como uma criada para Alexya. Eu fico a imaginar o por que. Não acha?!

- A minha irmã sendo paparicada seria algo digno de nota. Ela é bem desconfiada.

- Ela me pareceu muito à vontade se você quer saber. Mas se ela é apenas a sua irmã, isso é bom! Assim temos espaço para nós.

- Tadre... Eu AINDA estou aqui sabia!

- Tudo bem Duran. Se você quiser, e seu amigo não se importar, eu devoro os dois! Não seria a primeira vez!

- Senhorita... Tadre, eu e Trevor não somos TÃO amigos assim. E também...

Subitamente Duran usou um tom baixo.

- Irmãozinho, acho que teremos uma nova disputa pela sua vida. Observe a figura encapuzada no canto norte. Sozinha na mesa, no escuro.

Nuque disfarçou e observou. A figura estava em um lugar que impossibilitava tirar qualquer detalhe sobre ela. Vestimentas, armas, armadura, feições do rosto, idade. Nada podia ser descrito. Nem mesmo seus olhos élficos podiam observar mais do que uma sombra sentada à mesa.

- O que você acha Duran?

- Seja quem for, esta nos observando já faz algum tempo. Não mudou sequer de posição, nem um braço esticado, perna dobrada, ou cabeça virada. Não estou gostando. Me lembra alguém.

- Você acha que seria mais um assassino?

- Talvez.

- Ainda bem que vocês homens fortes e másculos estão aqui para me defender. Eu vou saber quem é essa figura.

Antes que pudessem protestar Tadre já estava de pé rumando para a mesa sombria. Ambos puderam apenas observar, atentos e preparados para caso fosse necessário um revide. Tadre fez apenas uma pequena pausa após alguns passos apenas para sugerir algo a seus companheiros, cenouras cozidas.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Tempestade...

O sacerdote partiu em direção ao líder das criaturas. A maioria já havia sucumbido ao poder profano do Juízo dos Bravos. Haviam umas poucas criaturas que agora debandavam em uma tentativa desesperada de escapar da morte dolorosa e certa que Faliel provocava. O líder estava intimidado, mas tinha confiança em sua força e tamanho para vencer aquele pequeno ser que ousava desafiar sua vitória.

Apenas alguns segundos separavam o líder do sacerdote. Nestes breves momentos Faust tentava acabar com os poucos inimigos que ainda teimavam em ficar no campo de batalha. Zado tentava ficar de pé. Seu poder era grandioso. Ele não poderia ser morto por tais criaturas, mas ainda sim, a dor era sentida da mesma maneira que um mortal comum, e esta dor já era grande. O feiticeiro permanecia acordado apenas porque sabia que Faust estaria em termos desfavoráveis caso tivesse que cuidar de dois companheiros desacordados.

Faust tinha um pensamento mais imediato em sua mente. Parar Faliel após ele vencer os oponentes. Ele sabia que ele seria o vitorioso, mas ele não conseguiria parar sozinho. Faliel já havia invocado este transe três vezes desde que se conheceram. Faust já havia sido obrigado a parar o companheiro duas vezes. A primeira, Faust ainda era jovem e não conhecia o poder do transe. Isso custou a Faliel dois meses de coma. E a Faust muito ouro para que pudesse regenerar magicamente seu braço esquerdo e vários órgãos internos destruídos pelo sacerdote.

Para este tipo de evento, Faust sempre carregava com ele um item peculiar, originalmente de um plano neutro, que poderia garantir a vida a uma pessoa que estivesse morta. O item poderia ser usado apenas cinco vezes antes que fosse destruído. Só restavam duas cargas. Hoje, ele teria que fazer uso de uma destas cargas.

Faliel chocou-se com o líder dos dracotauros. O impacto dos seus golpes era sentido pela criatura, mas insuficientes para causar dano duradouro. O líder revidava com golpes poderosos que por sua vez eram defendidos com uma velocidade assombrosa pelo sacerdote. O combate entre os dois foi épico, digno de ser cantado pelos bardos, mas não houve testemunhas além de Faust e Zado.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Entre Mulheres

As três entraram no quarto. Era um quarto grande, porém, simples. Quatro camas, uma pequena arca aos pés de cada cama. Janelas pequenas, uma banheira, dois armários de madeira. Clawyn foi a primeira a falar.

- Bem vinda ao nosso humilde aposento jovem Alexya. Você pode escolher uma das camas e deixar suas coisas aqui. A menos que você prefira a companhia do seu companheiro.

- Ele... É meu irmão.

- Mesmo menina?! Bom saber!

- Tadre! Tenha modos. Não é uma coisa adequada para uma dama falar coisas assim.

- E quem disse que eu sou uma dama Clawyn?! Ele é bonito, alto, aparentemente forte. Meu tipo de homem!

- E qual homem não faz o seu tipo Tadre?

Ambas as mulheres riram e voltaram-se para Alexya que estava vermelha e calada.

- Então seu nome é Alexya. E você é irmã do elfo. O que mais você tem de história para contar?

- Tadre! Não a trouxemos aqui para um interrogatório. Por Belandros! Às vezes eu me pergunto se você é mesmo uma mulher.

- Ora vamos Clawyn. Vai me dizer que você também não achou ele um belo espécime?

- Ele é belo, sim, mas temos que ser educadas com nossa nova amiga. Veja! Ela ficou toda acanhada com este tipo de comentário.

- Bem... Acho que o que você diz é verdade. Eu ainda não me acostumei à idéia de que ele seja meu irmão. Fiquei sabendo há três dias. Acho que ele é bonito sim.

- Muito me estranha ele ser amigo de Duran. Ambos não tem absolutamente nada em comum.

- Se não me engano, eles freqüentaram a academia de Finnian juntos. Nem todos aprenderam as coisas com a vida Tadre. Alguns de nós foram instruídos por professores, tutores, e mestres.

- Ainda sim. Duran não é feio, mas ele bem que poderia ser mais vaidoso. Às vezes eu acho que ele mais parece um bárbaro das Grandes Planícies do que um militar treinado.

- Nisso eu tenho que concordar. Mas deixemos estes assuntos para um outro momento. Alexya, você gostaria de um banho? Posso ajudá-la se quiser.

- Acho que eu não preciso de ajuda quanto a isso...

- Não seja boba. Vou aquecer a água para você, e ajudá-la a lavar seu cabelo. Talvez algumas fragrâncias na água, toalhas macias, óleos.

Tadre observou Clawyn com um olhar malicioso.

- Por que você nunca me ofereceu um banho assim Clawyn?

- Ah... bem... eu... Você nunca... Nós nunca tivemos a oportunidade. É isso.

- Nada contra você Alexya. Mas ela nunca me tratou assim. Fiquei com um pouco de ciúmes.

- Eu... eu... Eu posso preparar um p-para você também Tadre. Só achei que v-você não gostasse destas c-coisas luxuosas. E-eu...

- Realmente, eu não gosto muito. Façam como quiserem. Eu vou beber algo com os homens.

- T-tudo bem. Ah... Alexya, s-se você achar que é m-muito, e-eu entendo...

- Acho que vou aceitar o banho. Você o ofereceu tão empolgada que parece ser algo excelente.

- M-mesmo?! Vou preparar tudo!

Enquanto Clawyn fazia os preparativos com uma felicidade radiante, Alexya terminava de colocar suas coisas no quarto. Nenhuma das duas notou o sorriso malicioso no rosto de Tadre enquanto ela fechava a porta do quarto.

Assuntos Masculinos

Os homens encontraram uma mesa adequada. Poderiam conversar sem problemas e com privacidade. Havia espaço para a comida e a bebida. Trevor sentou em uma das cadeiras e deixou o corpo relaxar enquanto ajeitava sua caneca na mesa. Nuque fez o mesmo.

- É realmente muito bom vê-lo irmãozinho. Mas cá entre nós... Irmã?! Você já foi mais criativo...

- Desta vez é verdade Duran. Meio-irmã, mas ainda sim, sangue do meu sangue.

- Verdade? E como foi isso?

- Meu pai pediu que eu a encontrasse. Ele está próximo da passagem.

- Lamento saber. Seu irmão será o novo General Prateado então?

- Acredito que sim. Ele é o primogênito. E também um soldado bem mais experiente, estrategista brilhante, líder firme...

- E não se esqueça de arrogante, cretino, e chato!

- Ele nasceu e foi criado para substituir meu pai quando fosse o momento. Já estava escrito.

- Talvez sim. E você? Como fica nisso?

- Minha irmã Ryor acredita que eu deva aceitar o título de Margrave.

- Imagino que sim. Ela será Ducis afinal de contas. Mas não foi isso que eu perguntei.

- É, eu sei amigo. Para ser sincero, não pensei sobre o assunto. Você sabe que eu não gosto destas coisas de política. Além do mais, meu pai nunca gostou muito de mim. Continuarei um homem pobre.

- E justo agora que eu tinha a esperança de ter um amigo nobre...

Ambos riram de forma sincera e amigável. Trevor então se esticou e usou um tom mais baixo.

- Há um prêmio pela sua cabeça irmãozinho. Alguém quer você morto. E esta disposto a pagar muito por isso.

- Fiquei sabendo disso. Quanto?

- Duas mil.

- Halendor! Uma quantia dessas deve ter atraído metade dos assassinos do mundo!

- Na verdade sim. Até me fizeram uma proposta. Doze mil pelo incômodo de trair a sua amizade e privar-lhe de seu coração.

- E você?

- Dançaria com um vestido de meretriz amarelo à frente desta horda de assassinos antes de sequer pensar sobre o assunto.

- São muitas moedas Duran. Poderia comprar conforto para o resto de seus dias.

- E eu perderia a dignidade ao trair nossa amizade. Não, obrigado. Eu passo! Além do mais... Você nem vale isso tudo!

- Ei... Eu ainda não fiz nada com suas amigas. Estou sendo cavalheiro!

- Eu não poderia trair você irmãozinho. Não depois da academia. Eu ainda guardo comigo.

- Guarda com você? Do que você esta falando?

- Disso! – E Duran mostra uma ponta de flecha presa a uma corrente em seu pescoço. – Essa pequena ponta de flecha deveria ter me matado. Mas não matou. Não matou porque seu braço vigilante estava ali para me salvar. Enquanto eu viver, eu irei retribuir isso irmãozinho. Nada, nem ninguém vai matar você enquanto eu puder impedir.

- Obrigado Duran.

- Ah... Isso soou muito afeminado? Fiquei preocupado agora...

Ambos os homens riram alto enquanto brindavam ao seu reencontro.

Olhos da Morte

Um golpe forte. Duas defesas rápidas. Outro golpe poderoso. Dor. Sangue. Seu sangue que escorria pelas frestas de sua armadura pesada. O combate estava ficando desfavorável. Faust já havia sinalizado à Faliel seu intuito. Bastava agora criar a abertura para sua manobra. Seria fácil se não houvesse tantos deles. Ele precisaria lidar com os que estavam á sua volta primeiro.

Zado estava ficando sem magias. Já havia incinerado uma dezena das criaturas, mas ainda sim estava sendo cercado por elas. Seu corpo já havia sido ferido em vários lugares e isto estava afetando sua concentração e sua mobilidade. Se um dos seus companheiros não vier em seu auxílio, ele será um alvo fácil para os inimigos.

Faliel percebe que algo esta anormal. Os oponentes são muito numerosos, bem treinados. Algo não está certo. Zado esta em situação complicada. Rodeado de inimigos ele é quase tão indefeso quanto uma criança. Faliel precisa ajudar seu companheiro, mas a única forma de fazer isso lhe impediria de ajudar Faust em sua manobra. Pelo menos inicialmente, sua tendência seria deixar o feiticeiro ser massacrado, mas, seu líder desaprovaria. O cavaleiro negro teria que esperar. Ele precisa do mago vivo. Faliel detesta ter que recorrer ao seu dom dos tempos de nômade, mas não há outra maneira.

- Pentar! Eu lhe suplico! Feche meus olhos com a escuridão de meu passado!

Ouvir estas palavras sempre alertava Faust de que Faliel estaria indisponível por alguns minutos. Zado deveria estar encurralado para ele se valer deste poder.

Zado já tinha uma opinião mais profunda. O estado de espírito que o sacerdote invocava era muito perigoso. Perigoso o suficiente para que ele não tivesse plena confiança nas ações do companheiro. Ele sabia que haveria uma montanha de corpos quando ele parar de lutar, mas isso também significava entrar em um coma induzido por mais de uma semana. Era uma das poucas coisas que aterrorizava o feiticeiro. Os olhos negros e sem vida de seu companheiro traziam a morte, de tudo e de todos. Apenas Faust conseguia segurá-lo nestes casos, e mesmo assim a custos elevados.

Os olhos de Faliel escureceram. Sua boca abriu em um rugido bestial e primitivo. Seus músculos estalavam em espasmos súbitos e monstruosos. Ele saltou em direção dos inimigos. Sua maça era tão poderosa que era possível ouvir os ossos das criaturas estilhaçando sob sua carne. Os golpes de seus punhos eram duros como aríates. Sua velocidade era inumana. Monstruoso. Nem mesmo o couro resistente dos dracotauros resistia ao impacto dos ataques do sacerdote em transe profano.

O terror se espalhou entre as criaturas. Apavoradas, elas buscavam parar o sacerdote. Suas mentes primordiais sabiam que ele era a maior ameaça ali. Um predador natural para eles que não tinham um predador. Mesmo aqueles que estavam em combate com os outros passaram a buscar uma maneira desesperada de parar aquele humano, antes que ele voltasse sua atenção a eles.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Cartas

O rapaz amarrou o assassino com cordas firmes e pediu para que o taverneiro chamasse a milícia local para prender o assassino.

- Você deveria ter mais cuidado elfo. Se não fosse por nossa ajuda, você estaria morto agora.

- Se vocês não estivessem aqui, gordão, eu teria cuidado de tudo sozinho.

- Isso me soou como um desafio...

- Saque!

Ambos sacaram e mostraram uma carta de papel no mesmo tamanho de uma carta de tarô.

- Argh! Martelo!

- Exatamente elfo! Sua vez de pagar as bebidas!

Ambos começaram a rir e se abraçaram.

- Bom ver que ainda não perdeu seu charme Nuque.

- É bom ver você também Trevor! E quem são suas companheiras?

As duas mulheres e Alexya se aproximaram da dupla.

- Nuque, tenho o imenso prazer em lhe apresentar minhas companheiras de viagem. Tadre e Clawyn! Garotas, este é meu grande irmãozinho Nuque! E quem é esta gracinha de menina que esta te acompanhando Nuque? Sua nova namorada?

- Deixe de palhaçada Trevor! É minha irmã, Alexya.

- Você nunca me disse que tinha uma irmã. Muito menos uma bonitinha! Deve ter puxado a outra parte da família!

Alexya ficou vermelha e não conseguia responder.

- Por Belandros! Você é muito grosseiro Duran! Ela ficou envergonhada. Brutamontes. Prazer em conhecê-la Alexya. Eu sou Clawyn Therae, e esta é Tadre “Meliatrum” Kadmas.

Alexya observou as duas mulheres e balançou a cabeça de forma tímida. Clawyn era uma elfa. Muito bonita, baixa, delicada, de cabelos dourados e encaracolados longos e bem tratados. Olhos azul turquesa, pele clara e radiante, mãos delicadas. Ela vestia robes brancos, com detalhes dourados e em um tom de azul que lembrava Alexya do céu em uma tarde calma de outono. Ela tinha uma voz clara, musical, quase hipnotizante, porém baixa e quase sussurrada.

Tadre já era uma mulher completamente diferente. Alta, bronzeada, corpo atlético e felino. Cabelos em um vermelho vivo e brilhante cortados curtos, mãos fortes com dedos longos, olhos dourados e inquietos, extremamente sensual até em seu modo de andar. Ela vestia uma armadura de couro reforçada com rebites de metal, botas resistentes. Tinha uma voz grave e alta, mas ainda sim feminina, uma voz de uma guerreira adicionou depois de algum tempo. Dois traços chamavam atenção em Tadre. Primeiro suas tatuagens em seus braços e seu pescoço. Mas o traço que mais destacava ela de qualquer outra mulher era seu majestoso par de asas emplumadas no mesmo tom de seus cabelos.

Tadre foi a primeira a falar algo.

- Muito bem meninos. Vocês tratem de conseguir uma mesa para nós damas. Enquanto isto, vamos subir aos nossos quartos com nossa nova amiga para quebrar o gelo e explicar todos os segredos maliciosos sobre vocês homens fortes e viris.

- Mas Tadre, eu apenas...

- Ela está certa Duran. Você é muito indecente. Além do mais, ela deve estar cansada, e precisa vestir algo mais confortável.

- Eu posso...

- Não você não pode Duran. Consiga nossa mesa. Você elfo, já que é amigo de Duran, também deve ser safado, então ajude-o!

- Safado?! Eu?! É isso que eu ganho por ser seu amigo Trevor...
Os dois homens saíram para preparar uma mesa para os cinco. As mulheres subiram aos quartos para se prepararem. Todos os cinco ansiosos pelas novidades que serão postas à mesa.

Arte e Sacrifício

Faust teve dois golpes aparados pela espada do oponente. Além de grande, ele era rápido pensou. Aparava os golpes de força descomunal de Faust como se fossem desferidos por uma criança. E ainda atacava com força e velocidades inadequadas ao seu tamanho.

Faliel entoava orações à Pentar a fim de proteger seus companheiros. Era difícil fazê-lo entre uma série de esquivas das lanças inimigas. Sua concentração só não foi quebrada por conta de sua fé descomunal em sua deusa.

E Zado buscava incansavelmente o xamã. Ele deveria ser o que portava as vestes mais simples e leves, armado com uma arma comum como um cajado ou tacape. Após uma sondada rápida, o feiticeiro foi capaz de encontrar seu alvo. Ostentando um colar com crânios humanóides, vestindo peles grossas porém cruas, e balançando freneticamente um grande cajado d madeira nodosa e clara.

- Chamas que ardem nas profundezas da terra, eu as invoco! Concedam-me tua fúria! Que meus inimigos queimem!

Tão subitamente quanto às palavras e gestos começaram, eles terminaram em uma grande coluna de chamas aos pés do xamã que não percebeu até que fosse tarde demais.

- Venham aqui montes de pus! Minha maça precisa de mais pedaços de crânios.

Faliel estava engajado em um combate contra duas das criaturas enquanto gritava sua bravata. As criaturas ficaram furiosas com tamanha audácia. Exatamente como o sacerdote esperava. Com dois golpes rápidos e poderosos uma das criaturas teve o crânio esmagado pelo par de maças pesadas, dando ao sacerdote o tempo de sacar um machado largo e pesado de suas costas.

Faust estava com pouco espaço. A imensa criatura tinha muita força para que o terreno pudesse ser aproveitado. E agora, outras duas criaturas se aproximavam de maneira rápida e violenta. Por mais que sua armadura o protegesse foi inevitável receber alguns golpes. Só havia uma saída para abater o líber. E ele precisaria do apóio de Faliel depois da manobra.

- Faliel! Aço em Queda!

- Entendido garoto!

O jovem guerreiro preparou seu golpe. Ele precisava de tempo.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Assassinos

Ambos prenderam seus cavalos em frente à taverna. Retiraram sua bagagem. Alexya leu o letreiro.

- Taverna do Copo de Carvalho... Que nome curioso.

- Veja!

Nuque apontou para um grande barril acima da placa.

- Copo de carvalho.

- Vamos entrar seu elfo sabichão.

Ao entrarem os dois se deparam com o ambiente típico de uma taverna ao cair da noite. Enfumaçada, quente, com vários tipos de odores se misturando. O lugar estava cheio, como muitos homens e pouquíssimas mulheres. Vários tipos estavam em variados graus de bebedeira, desde o sóbrio ao completamente cambaleante. Os últimos eram uma maioria clara.

Rumaram ambos para o balcão, onde um homem alto e gordo polia uma caneca de cerâmica com um pano que deve ter sido branco no começo do dia, assim como o seu avental e sua camisa.

- Taverneiro! Precisamos de quartos, comida, bebida, e informações.

- Pelo preço certo, você pode ter todos elfo. Tudo depende do quão bom é seu ouro.

Assim que se aproximou do balcão, Nuque percebeu uma figura que se movia lentamente em sua direção.

- Você tem muita coragem para aparecer aqui Ruavellian. Muita mesmo. Sabendo que tem um preço pela sua cabeça.

- Não sei do que você fala. Deixe-me em paz se não quiser ser ferido.

- O filho do grande general Ruavellian esta confiante esta noite. Minhas fontes estavam certas em assumir que você voltaria para Tyoth pelo sul.

Tão subitamente quanto chegou, o homem sacou uma espada de seu manto negro e pesado, apenas para ser parado por um golpe rápido e poderoso de uma cadeira que se estilhaçou em seu rosto. Nuque ainda não havia reagido e Alexya ainda estava paralisada sem saber exatamente o que acontecia.

- Desculpa companheiro. Acertei minha cadeira na sua cabeça? Tinha mirado no peito.

O segundo homem virou-se para Nuque.

- Você dá mais trabalho do que vale seu elfo molenga!

O assassino recuperou seu equilíbrio e avançou contra o desconhecido jovem. Seu golpe foi facilmente evitado, e contra-atacado por uma lâmina enorme e pesada que o privou de sua arma.

O homem que protegia Nuque não aparentava ter mais do que dezessete invernos. Tinha um olhar confiante e debochado. Um sorriso franco e adolescente. Era de estatura mediana, pouco mais alto do que Nuque, porém tinha um corpo mais forte, pesado, e extremamente ágil.

O rapaz atacou o assassino com uma cabeçada certeira em seu rosto seguido de um golpe no estômago com o cabo de sua enorme espada. Enquanto tentava manter o equilíbrio, o assassino foi acertado agora por uma pancada em suas costas com outra cadeira e derrubado por um golpe rasteiro de cajado que o levou ao chão. Duas mulheres sorriam à volta do assassino enquanto o rapaz caiu de um salto longo com os dois pés sobre o peito do desnorteado assassino, que tombou inconsciente.

Lama e Sangue

Já era noite. Eles estavam acampados a pouco mais de uma hora. Sua refeição estava quase pronta.

- Faliel, qual é o cardápio para esta noite?

- Carne seca, queijo, pão, batatas assadas...

- Ah... Uma das coisas que eu mais detesto nestas viagens... A comida nunca é refinada. Parece até que estou me alimentando em um acampamento militar...

- Por que então, ao invés de reclamar Zado, você não ajuda a cozinhar algo?

- Porque, meu caro Faliel, minhas mão foram feitas para a arte, e não para ser um grumete de viagens.

- Mas bem que você poderia ajudar com algo Zado. Acredito que Faliel apreciaria sua ajuda quanto à nossa alimentação.

- Até melhor assim garoto. Tenho medo de que ele use legumes que ele tenha usado para outros fins antes de prepará-los. Hahahahahaha...

Os três homens riram da piada e sentaram-se à volta da fogueira para seu jantar de viagem. Em meio à refeição, Faust percebe algo estranho. Ao olhar para Faliel, percebe que ele também parou de comer. Ambos observaram seus arredores. Sendo combatentes experientes, eles reagiram rapidamente à emboscada.

- Emboscada!

Faust já estava empunhando sua espada quando as primeiras azagaias chegaram ao seu destino. Foi fácil desviar-se delas. Faliel alcançou sua arma logo após isso. E Zado ainda estava levantando-se quando um dos projéteis feriu-lhe o braço esquerdo.

Tão subitamente quanto seu primeiro ataque, os oponentes saltaram de suas coberturas para atacar o trio em combate direto. Eram criaturas grandes, pesadas, de músculos poderosos, garras afiadas, mandíbulas poderosas, pele escamada, e olhos amarelados inteligentes e sagazes. Portavam lanças pesadas e escudos largos. Vestiam armaduras de metal adaptadas ao seu corpo longo e massivo.

Faliel gritou assim que percebeu:

- Dracotauros! Zado! Ache o Xamã!

- Estou trabalhando nisso velhote!

- Garoto! O grandalhão!

- Sim senhor!

E Faust então parte com velocidade e fúria de um trovão contra o inimigo que era visivelmente maior e mais forte que os outros. Esta criatura vestia uma armadura bem trabalhada, pesada, firme. Portava uma espada grande o suficiente para empalar um cavalo da cabeça às ancas. Ele também usava um elmo pesado, brilhante, e ornamentado com penas negras, brancas, e vermelhas, imaculado pela lama do pântano.

O trio não estava em uma boa situação. Foram pegos desprevenidos por um grupo grande e bem preparado.

As chamas da fogueira tingiam de dourado as poças de água em meio ao lamaçal. Logo, seriam poças de sangue.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Companheiro

Ambos estavam na estrada a dois dias. Nuque contava a Alexya sobre as coisas do mundo, sobre a academia, sobre os reinos, e ensinava uma ou outra palavra em élfico para sua irmã. Alexya especulava tudo. Desde nomes de flores, até grandes figuras das cortes.

- Qual é o nome da cidade à frente?

- Água-Calma.

- E por que vamos para lá?

- Porque é onde eu encontrarei o meu velho companheiro de academia.

- E quem é esse misterioso companheiro?

- Trevor. Ele é um guerreiro competente. Uma muralha ambulante. E de um coração tão belo quanto a arma que porta.

- É um elfo também?

- Não não. Ele é um humano. Era meu único amigo na academia. E eu era o único amigo dele. Éramos inseparáveis.

- Eram? O que aconteceu?

- Nos graduamos. Eu voltei para casa, e ele foi a busca de aventura. Combinamos de nos encontrar em Água-Calma depois de um ano.

- Então vocês ainda são amigos?

- Claro! Eu confiaria a minha vida a ele. Sem pestanejar!

- Acho que vou gostar de conhecê-lo então...

- Eu espero que vocês se dêem bem. E espero que ele também esteja bem. Vamos. Estamos chegando, e eu estou ansioso para rever meu irmão em armas.

- Vamos sim. O último a chegar é a mulher do orc caolho!

E Alexya parte em disparada rumo à cidade obrigando Nuque a persegui-la enquanto gritava para que ela o esperasse.